Sobre esperar o mundo e a sabotagem
Tudo parte da consciência do "eu" — ou ego — que muitas vezes está submetido a um padrão elitizado. Esse "eu" se forma sempre em comparação com o aspecto social. O ímpeto, nesse caso, não é impulso de ação imediata, mas uma espera — uma luta pela sobrevivência — que exige tomadas de decisão precisas.
No que diz respeito à neurose comportamental, aí sim temos um aspecto simbiótico: ela representa o elo entre o sujeito e o meio, muitas vezes de forma doentia. O conceito de sabotagem se opõe a essa simbiose — como se o fracasso dentro do sucesso fosse animador, mas ainda assim não bastasse para classificar as classes sociais nem compreender plenamente a realidade social em conflito com o aspecto familiar.
Sobre as barreiras impostas pelas dificuldades e o legado deixado pelos pais: quando somos imaturos e crescemos sem herança (material ou afetiva), enxergamos o mundo como um território a ser construído a partir dos próprios ideais. No seio da família, no entanto, está a porta de esperança — não apenas para alcançar uma futura herança, mas para compreender e integrar a herança paterna e materna que nos constitui.
Essa visão entre simbiose e desapego pode gerar abandono. E isso se reflete na sociedade: filhos que saem de casa e deixam de dar valor ou importância ao acolhimento dos pais, especialmente na velhice. Não exercer o afeto e o cuidado com os progenitores pode se tornar algo perigoso.
Pensando eticamente, é necessário formar uma metodologia que dê amparo às famílias e à sociedade, indo além da intimidade e agindo de forma persuasiva para quebrar os paradigmas da moralidade tradicional.
O medo inalcançável da realização está baseado numa neurose de sustento e aceitação, que perpetua o ciclo da autossabotagem. Fazer algo apenas por ideal, sem consciência afetiva, resulta em:
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profissionais pouco capacitados;
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casais que se separam sem maturidade emocional;
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ideias que não se concretizam por ansiedade e falta de profundidade.
Idealizar não basta. A devoção exige afeto e paixão. Quando há uma visão clara que se fundamenta no prazer do que se faz, a dedicação se transforma em cotidiano — e o dia a dia passa a ser os tijolos do objetivo almejado.