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Estado de um pensamento sincero

Minha vida, em procrastinação, reclama; em forma de desajustamento, me confundo. Logo estou agindo na altivez, sem propósito. Por não fazer quase nada, atrofio-me socialmente.
Uma angústia de relacionamento me toma: vejo-me sem estar apto a um senso comum de liberdade. Minhas palavras gotejam, e percebo gotas de sentido caindo sobre fatos de juízo.

Queria estar certo, queria estar entendendo. Mas o fato é que, incubado no quarto, teclando no PC, pergunto-me: será que sou útil? Alguns dias sim, outros não. Pessoas me buscam aqui, pessoas confiam em mim.

Eu me perco: será que estou sendo ignorante? Ou estou sendo paciente? Diria que sim, mas o estado de minha alma me alerta de um medo.
Minha privacidade vai além; minha solidão não me machuca, ela me cura. E, quando a aflição sobe ao peito, saio do quarto e vejo quem está em casa, aflito em saber se todos estão bem, se todos estão seguros. Assim confio.

Eu não temo o que parte, temo o que sofre; temo o que depende; temo que a vida das pessoas em quem acredito e que amo não sofra.
Quanto a mim, temo ficar sozinho, sem quem cuide de mim. Desejei ter uma família minha por muito tempo, mas não desejo mais. Vivo com o que tenho e sobrevivo para que o que tenho esteja em paz.

A necessidade não nasce do meu desejo, mas da angústia — quebrantada e rara. Não quero mais ser como vidro quebrado; antes, faço de mim o pó e refino-me em uma nova fibra: paciência.

Tenho medo de mentir. E, se estou a mentir, é porque estou em dúvida. E, se duvido, trato-me como mentiroso. Começo a me enxergar sem o direito de achar, mas apenas de dizer.
O que minha vergonha não quer dizer, isso me faz sincero — e, ao mesmo tempo, alvo de julgamentos, que me fazem sentir vergonha e nudez.

Eu não apenas temo, mas confesso. E, diante de Deus, digo tudo. Mas, diante do homem, recebo o juízo do pecado.