O Espetáculo
O espetáculo é um palco onde todos atuamos.
Razões de escândalos, desculpas mal ensaiadas, fantasias de grandeza, e o desleixo por pensamentos ilusórios — tudo se converte em apresentação.
Componho esse espetáculo ao levantar a voz,
ao proclamar em tom altivo o que, no fundo,
se reduz a bravata, a falsa superioridade
de ser dono da razão em brigas de pura exibição.
São apenas ecos de um mérito inventado.
A mente fabrica o escândalo como cenário,
a fantasia como figurino,
e a razão distorcida como autoridade.
Ergue-se, então, um levante de máscaras:
desculpas travestidas de argumentos,
atuação disfarçada de operação,
empoderamento moldado em altivez,
e o espetáculo da narrativa.
O discurso é desenhado para um debate já vencido,
onde não se dialoga, apenas se rotula,
onde se vende ignorância como moeda,
e se bajulam os mínios
que negam até o direito de dizer simplesmente a verdade.
Nesse palco, a mentira veste-se de narrativa obscura
e silencia a verdade;
a escuridão aplaude,
e nos deixa à margem de uma militância cega
a serviço de um poder tomado.
Um poder que rompe a liberdade,
que se alimenta da corrupção,
um sistema que dita o roteiro,
uma ditadura que nos impõe o silêncio.