Meu Espaço, Meu Fracasso
Meu espaço, meu fracasso,
Nas linhas doentes de ser o delírio do meu saber.
Consciente, mas ainda presente, no fundo de uma angústia,
No amaciar de uma solícita e agradável solidão,
No entender de um ponto fora de questão,
No sofrer de uma inutilidade que faz de mim capacho
Das vozes que em mim ouço, do laço que enceno e disfarço.
Dói o caminho de alguém que buscou o amor,
Na ignorância de que estava cego;
Olhou incrédulo ao ter visão, mal viu o amor.
Agora desapercebo por não ter vitória.
Minha esmola sofrida agora chora um amor
Que se foi de mim, mas me trouxe cor.
De saber que a oportunidade fez de mim caridade,
Tão solícito e cercado de um amor,
Ainda incrédulo eu — viver uma inutilidade —
Fez de mim covarde, de trazer a minha parte,
De tudo que sou, de tudo que dou.
Dói a ferida da insanidade,
A minha falta de socialidade,
Mas desperto no conforto de minha intimidade.
Rezo em mim a igualdade que me guarde,
Que me farte de boas felicidades,
De sinceras realidades — o âmbito de minhas verdades,
Escondidas atrás da contração de um medo, de um desejo.
Assim não me vejo apenas na contração da imperfeição.
No meu falar, os lábios de confissão
Tomam meu coração — da emoção some a perdição.
Me regenera de tão simples intenção.
Do tempo sopra o firmamento dos meus pensamentos,
Conhecimentos, vida de momentos.
Acolho com decoro
Ao arder meu amargo choro.
Assim, feliz, sobre o precipício da felicidade,
A ilusão da realidade,
A solidão me serve toda compaixão.
Perdição me apunhala para comoção — a ação
De minha causa: a busca pela libertação.
A sanidade pela crueldade,
A intensidade pela verdade.
Hoje, talvez um covarde,
Mas além, alguém —
E ainda mais,
Uma próspera realidade.